Cadernos de

Uma amiga, a      , disse-me, um dia, que tinha uma coisa para mim. Estendeu-me uma caixa de resmas de papel que, dentro, tinha 41 cadernos que – descobri mais tarde – se espalhavam ao longo de 21 anos.

A       disse-me:

Faz com eles o que quiseres.

Eu fiz o Cadernos de        .

Cadernos de       é um espectáculo que, tal como os cadernos que lhe deram origem, procura a hibridez na sua forma. Os 41 cadernos variam constantemente de registo: vão do diário adolescente com folhas roxas aromatizadas, ao poema experimental; passam dos poemas da adolescência para transcrições incompreensíveis de conversas. Os cadernos contam histórias de viagens, de conferências a que        assistiu, incluem recortes de jornais, cartões de pêsames, papéis de bombons e um envelope que diz PARA A MINHA PRIMEIRA NAMORADA, A CREMILDA, COM MUITO AMOR E MEDO.

Para construir este espectáculo, deixámo-nos mergulhar nestes cadernos e viajar de uns para os outros, sem ceder à tentação da nostalgia ou do teatro documental. Procuramos, assim, um espaço de cena que permitisse a colagem, o recorte, que se deixasse escrever como uma página em branco. Quisemos partilhar com o público desde o início esta ideia: o que estão a ver é ficção.

Escrever pode ser uma forma de encontrar um fio condutor no meio do caos de tudo o que acontece.

Cadernos de         nunca revela a identidade da autora dos diários: antes, confunde-a. Quem fala com o público é uma voz misturada: a     , a Maria Jorge, intérprete do espectáculo, e eu. Diluímos as fronteiras entre verdade e mentira, na procura de um espaço iminentemente teatral, em que o público é convocado a colocar-se constantemente no lugar do interlocutor.

O tu é uma cadeira onde muita gente se senta.

          gave me a box filled with notebooks, written during 21 one years. She told me: 

Do whatever you please with them.

I made Cadernos de       .

Cadernos de        , like the notebooks in its origin, searches for hybridity: the notebooks mix transcriptions with poems, letters with lists, clippings with drawings. The scene tries to travel through time and place, form and rhythm, to mimic the livelyness of            ‘s notebooks. Cadernos de       keeps her identity secret, by confusing it, mixing it with Maria Jorge’s voice and mine, and convoking the audience to be our addressee: “you” is a chair where many people sit. 

direção artística e texto. artistic direction and text. Raquel S.

direcção de produção. production management. Inês Maia | Pé de Cabra

interpretação e co-criação . performance and cocreation. Maria Jorge

música. music. José Alberto Gomes

figurinos e espaço cénico. costume and set design. Pedro Azevedo

luz. light. Rui Monteiro

assistente de luz. light assistant. Teresa Antunes

equipa Pé de Cabra. team. Inês Maia, Mariana Silva e Diana Regal

imagem. image. Nuno Matos

contribuição dramatúrgica. dramaturgical contribution.  Rita Lagarto

vídeo. video. Miguel C. Tavares

um espectáculo. a. Noitarder – Associação Cultural show

co-produção. coproduction. Teatro Nacional Dona Maria II

residências artísticas. artistic residences. CAMPUS Paulo Cunha e Silva e. and O Espaço do Tempo

apoio. support. TUP Teatro Universitário do Porto

agradecimentos. ackowledgements. Ana Isabel Castro, Emanuel Pina, Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa, Flávio Hamilton, Francisca Costa, João Fonte & Helena Matos, mala voadora, Manuel Costa, Tadeu Faustino, João Sousa (Fabricril), Sílvia Costa, Soraia Carvalho (Belbrisa), Zé Stark

um agradecimento às candidatas da audição. a very special acknowledgement to the actresses that applied to our audition